Quando chega quinta à noite, o tempo passa muito devagar.
E eu, lavando louça, olhei pro relógio da cozinha e pensei:
Quanto tempo falta pra eu parar de enrrolar a minha vida?
Quantos olhares faltam pra criar intimidade?
Quantas mãos faltam pra matar a solidão?
Quantas fotos faltam pra memória não falhar?
Quantas faltas faltam pra ausência ser sentida?
Quantos passos faltam pra música acabar?
Quantas noites faltam pro mar aprender que a lua sempre vai embora?
E da janela, eu ví que hoje a lua é nova.