terça-feira, maio 24, 2005

A manhã sem sol fez com que eu me demorasse na cama. Mexi um pé, virei de lado, mas não tive coragem de abrir os olhos. A janela opaca. Lá fora, uma névoa quase invisível sobre a rua, tom sobre tom com o asfalto e os semblantes. E o meu inconsciente disse bem baixinho “mais cinco minutinhos”. Caí no sono. Voltei a sonhar exatamente de onde havia parado. Um canto claro, pessoas de roupas coloridíssimas, do jeito que eu gosto. Eu conversei com o meu avô, ele, de branco, disse “o medo tem alguma utilidade, mas a covardia não.”, e me mandou parar de ser covarde. “Não sei do que o senhor está falando não vô, disse eu, baixando os olhos. “Sabe sim”, revidou ele, levantando a minha cabeça pela ponta do queixo. “O filho que você não quer ter. Ele está esperando”. “Arram...”, eu. Um vestido amarelo lindo. Onde ela teria comprado?
Meu avô me beijou na testa, pegou minha mão e saímos andando.
Acordei, uma buzina de ônibus, se som tivesse forma, teria visto, invadindo a minha janela. Oito e quinze, corri pro banheiro, tinha que pegar a segunda aula; mas antes, passar na farmácia pra comprar uma nova cartela de anticoncepcional.