sexta-feira, janeiro 13, 2006

O brasileiro pensa que, só porque chegou o final de semana (e olhe que ainda é sexta-feira, de noitinha) tem o direito de avacalhar. Ler, até que dá, mas com muito sacrifício, concentração e dor de cabeça. Agora escrevre é biologicamente, humanamente impossível. Eu me sento na minha escrivaninha e me sinto no carnaval. E não falem pra ninguém que a minha escrivaninha é um carnaval toda sexta-feira, senão as pessoas vem, sem ser convidadas, e eu não duvido que montem blocos e organizem escola de samba, o inferno.
Tem, agora, no mínimo uma três casas vizinhas tocando três músicas diferentes no volume máximo. Nada de mpb, new age... é forró mesmo, daqueles bem agoniados, que os cantores não pausam as palavras, emendando umas às outras, mudando a morfologia e tirando dez interpretações imorais de cada frase.
As pessoas passam de carro buzinando pra mostrar que o seu time ganhou, e, consequentemente, o cachorro late assustado, retribuindo a buzina, e alguém aumenta a tv, para escutar melhor, assim todos na casa são obrigados a se comunicar aos berros.
Imagino, eu, que não há cronista pobre no Brasil. Tosoa eles tem que morar do vigésimo andar pra cima. Enquanto nós, da ralé, canelau, sabemos auditivamente que chegou o final de semana.