segunda-feira, abril 10, 2006

Onda de textos metalingüísticos. Não sei o que é isso, nem estudando eu tô =P

O livro se molda em boca e GRITA, de tanta vontade de ser voz. Esse deve ser o sonho escondido do livro: ser gente de músculo de voz. Parar pessoas, gritar e vomitar todas as linhas impostas que possui. Rápido e com muita força, para se sentir de volta virgem, livre do estupro passado. Devolvendo ao mundo os mais profundos pensamentos do autor, expondo as entrelinhas, traduzindo os segredos, escritos sem pedir licença no livro cru; doce vingança na boca. Prazer cruel e justo.

Nada do livro é seu. É um uso, no sentido mais grosseiro - olivro foi abusado. Não tem a si próprio, carrega o peso de muitos outros na sua capa dura. Muitos, porque dentro de uma pessoa há várias outras. Uma pessoa não pode ser uma só, porque o mundo é muitos e ninguém é cego. E dentro de um livro há o autor e os seus, os personagens e os seus, o narrador intruso e os seus, e os seus de todos os seus sucessivamente. Pg infinita de personalidades, caos arrumado em parágrafos.

Grito mudo de dor, pela falta de voz.