Nada que preste na TV.
"São quase 70.000 habitantes...", "Ataque terrorista em Londres...", "Shhhh...", "Boa noite auditório"... .
Desliguei a televisão.
Os pingos de chuva batiam na janela, deixando o vidro embassado, transformando as coisas lá fora em algo não-nítido.
Assim é mais fácil identificar a minha vida não-nítida, parar de procurar uma outra origem.
Chove demais.
O Deus Tupã não tem pena de quem não tem teto.
Pudera,
o Deus da chuva é o Deus dos índios.
Esse, só faz chover.
Quem precisa ter pena (e não tem) dos que não tem teto, é o "nosso" Deus.
Esse é o deus do tijolo, do cimento, do salário.
Ele também tá vendo a chuva, como todo mundo.
Mas ele tem TV à cabo, e uma reuníão do G8 amanhã.