sábado, abril 30, 2005

A ERA DA ÁGUA - Uma tragédia contemporânea

O copo do céu caiu, assim surgiu a Terra.
Só água cobrindo os cacos.
O sol esquentou a superfície terrestre, evaporando a água, e os homens surgiram entre os cacos, fazendo deles suas casas.
O céu, descopado, fica cheio de nuvens pesadas, negras, sentindo, assim, saudade do seu copo cheio.
Chove.
A água desce com força, mata os homens e cobre o mundo.
Desde esse dia nunca mais fez calor.
O sol se foi.

terça-feira, abril 26, 2005

Uma das coisas mais perfeitas que já lí

“Houve um tempo em que, se tivesse que optar entre duas cegueiras, escolheria ser cego ao esplendor do mar, às montanhas, ao pôr-do-sol no Rio de janeiro, para ter olhos de ler o que há de belo, em letras negras sobre o fundo branco”
Budapeste, Chico Buarque
Eu também, Chico.

domingo, abril 24, 2005

A conversa da faculdade

De repente eu fiquei com vontade de anotar o que a gente conversa ( pra ver o grau do besteirol, talvez), e anotei, sem ninguém notar, sem ninguém prestar atenção na verdade, pela empolgação da conversa, eles viram que eu tava anotando alguma coisa, mas não foram ver o que era, então eu tentei seguir o ritmo do diálogo, mas não deu tempo, por isso está sem sentido, descontextualizado, e não dá pra entender, pois quando eu terminava de anotar uma frase o assunto já era outro.
?- Era?
Eu - Era. Sozinha, porque eu não tinha irmãos.
Eu – Eu não sei andar de bicicleta não.
Mateus – Olha aqui oh os dente daquele pedal horrível, eu não sei quem foi o idiota animal que inventou aquele pedal de metal.
Lara – Eu sou frustrada porque não tive patins.
Eu – Eu tive, da barbie.
Lara – A minha mãe não quis, porque soube de alguém que bateu a cabeça e morreu.
Mateus – A gente tinha um circuito de bicicleta dentro da cozinha, a gente botava um banco véi azul no mêi da cozinha.
Lôra – E aí, vai ser o do dicionário?
Luana – Foi, a Amanda disse que era legal.
(Passou, alheia, muito magra, muito alta, cabelo cacheado, não sei quem é; passou).
Mateus – Uma vez, ele jogando, aí o bichozão aqui né, sanguezão, aberto o supercilho né, aí eu macho, diabéisso aí macho...
Lara – E tu com quantos anos?
Mateus – Uns doze, treze.
Eu – Caralho.
Lara – Caralho doido.
Mateus – Eram os brocos, era o apelido deles “los brocos”.
Mateus – E as piadas, as piada mais horrível do mundo.
Lara – Imoral...
Mateus – Era.