Acomodou o livro grosso em cima da mesa. Muito bem decorado, o café tinha um cheiro gostoso de lembraça, de rememoração, de encontro com amigos para falar do passado. A bossa-nova baixa dançava à fumaça dos cafés que eram cuidadosamente levados na bandeja pelo rapaz. Ela, só, começou a ler enquanto não era atendida.
(...)
-Boa tarde.
-Boa.
-Deseja alguma coisa?
-Sorvete de creme e um café carioca, por favor.
-Pois não.
Olhando ao redor ela viu as paredes marrons, as mesas marfim, os uniformes terra, as folhas secas que estalavam na decoração. O sorvete chegou, marrom, e o café...
-Aqui o pedido.
-É a bíblia?
-É sim.
-Bom apetite.
-Obrigada.
Naquela tarde, uma gota de café caiu na fina página do livro aberto.
Ao sair, o garçon pode ler na capa da bíblia em dourado Dostoiévski.