sábado, outubro 08, 2005

Os fantasmas também choram.

O vidro foi descendo em queda livre, câmera lenta, numa performance de salto ornamental de tantas voltas que dava em torno de si.
Passou devagar, flutuante, por todas as prateleiras da estante, como que se despedindo do seu habitat, cotidiano imutável por tantos anos.
Dando lentas cambalhotas observou a sala por todos os ângulos.
E o pouso leve fez choque, contraste, com a explosão de cacos multiplicados que voavam em todas as direções.

(Dois segundos)

Os outros vidros repetiram a performance, revolta artística involuntária do primeiro.
De um por um, lentamente foram empurrados pelos fantasmas, que, tristes, resolveram quebrar os vidros da velha mansão.