sábado, outubro 01, 2005

Saí de casa sem bater a porta. Sem chave, sem foco no olhar, quase sem os pés no chão. Fui andando tão sozinha, que não sentia a minha presença. Eu, que tinha fugido de mim, agora fugia de casa.

Instintivamente fui andando em direção à água. Sentei na beira do lago sem reflexo e deitei a mão sobre a superficie calma do lago. Minha mão diluiu, misturou-se com a água, desapareceu. Desfiz o movimento, e a mão voltou.

O lago me chamava como se eu, peixe doce debatendo, precisasse do líquido para não morrer. Eu ou a que fugiu de mim?

Entrei no lago, devagar, e cada parte de meu corpo respirava melhor com o toque morno da água. Fui diluindo, duluindo, e nadei sem pressa, sem roupa, sem corpo.

3 Comentários:

Blogger P disse...

"Minha mão diluiu, misturou-se com a água, desapareceu. Desfiz o movimento, e a mão voltou."

muito matrix isso.

muitas vezes, tudo que precisamos é sumir de alguma maneira. mas nem sempre. =]

=***

6:53 PM, outubro 02, 2005

 
Blogger Caio M. Ribeiro disse...

Issé culpa da Sarah Diva,empurrando Clarice pra cima da gente.

[]'s.

3:19 PM, outubro 03, 2005

 
Anonymous Anônimo disse...

lindo, feminino, sensível...

4:26 AM, outubro 05, 2005

 

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